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Saúde conectada e expansão de hospitais inteligentes: Desafios para modernizar a infraestrutura

por Bruno Lauterjung
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O Saúde Digital News dá início a uma série especial de matérias sobre os caminhos e desafios da infraestrutura digital no setor de saúde. Para isso, consultamos quatro especialistas de peso: Gustavo Marui (Logicalis), Luciana Pinheiro (Citrix), Satnam Narang (Tenable) e Claudio Bannwart (Netskope). A partir de uma mesma base de perguntas, os executivos compartilham suas visões sobre os principais obstáculos, tendências e soluções para um setor cada vez mais digital, mas ainda marcado por assimetrias tecnológicas.

A modernização da infraestrutura digital em hospitais e clínicas no Brasil avança de forma desigual, impactada por limitações técnicas, orçamentárias e culturais. Embora o setor tenha acelerado sua transformação nos últimos anos, especialistas apontam que ainda há desafios relevantes a serem superados.

Instituições ainda operam com redes antigas

Para Gustavo Marui, gerente de Soluções para Saúde da Logicalis, o primeiro grande entrave é estrutural. Muitas instituições de saúde ainda funcionam com redes de comunicação ultrapassadas, sistemas isolados e baixos níveis de automação. A conectividade deficiente, segundo ele, prejudica diretamente a digitalização de processos e impede avanços mais profundos. “Muitas instituições operam com redes de comunicações antigas, sistemas isolados e com pouca automação. Além disso, há uma resistência cultural e uma dificuldade em enxergar os investimentos em Tecnologia da Informação como parte estratégica do negócio, e não apenas como suporte”, afirma.

Outro ponto destacado por Marui é a limitação orçamentária, que continua sendo uma barreira significativa para o avanço da infraestrutura digital. “A infraestrutura e tecnologia precisa ser vista como alicerce, como investimento base, para prover melhor experiência no atendimento ao paciente, agilidade, redução de custos de processos em papel, com isso a fidelização e qualidade no bem-estar à população.” A visão da Logicalis aponta para uma mudança urgente na forma como a TI é percebida nas instituições de saúde: de centro de custo para ativo estratégico.

Fragmentação de sistemas e pressão por continuidade

Luciana Pinheiro, country director da Citrix Brasil, amplia a análise ao destacar a fragmentação dos sistemas legados como um dos principais obstáculos enfrentados pelas instituições. Em muitos hospitais e clínicas, os sistemas existentes não se comunicam entre si, o que dificulta a integração e torna o ambiente de TI ainda mais complexo. Esse cenário é agravado pela baixa conectividade em regiões remotas e pela crescente exigência de segurança, especialmente em um setor altamente regulado como o da saúde.

A executiva também chama atenção para o desafio adicional de modernizar a infraestrutura sem interromper o atendimento. “A pressão por continuidade do atendimento torna difícil realizar atualizações complexas nos sistemas sem comprometer a operação”, explica. Segundo ela, a Citrix busca enfrentar esse cenário com soluções que permitem modernizar o ambiente digital de forma escalável e segura, mantendo a operação ativa durante as transformações.

Luciana cita ainda casos de uso já aplicados no Brasil e no mundo em que a Citrix contribui diretamente para a modernização digital da saúde, como a disponibilização de prontuários e exames, integração entre hospitais adquiridos por meio de fusões e aquisições (M&A) e o suporte à telemedicina. Tudo isso é feito com foco na continuidade do atendimento e na experiência do profissional de saúde.

Sistemas obsoletos e equipes despreparadas

Do ponto de vista da segurança cibernética, Satnam Narang, especialista da Tenable, observa que a vulnerabilidade de muitos hospitais começa pela falta de atualização dos sistemas e equipamentos. “Hospitais e clínicas enfrentam uma variedade de desafios para corrigir vulnerabilidades, visto que muitos sistemas e dispositivos médicos estão obsoletos e não recebem mais atualizações de segurança”, afirma. Essa obsolescência técnica cria brechas importantes para ataques cibernéticos, principalmente quando combinada com o uso de ferramentas de monitoramento insuficientes.

Outro fator apontado por Narang é a limitação de recursos humanos especializados. “Muitos hospitais e clínicas operam com equipes pequenas e contam com funcionários sem treinamento adequado”, explica. Sem profissionais preparados e sem soluções robustas, torna-se mais difícil identificar, responder e mitigar ameaças digitais com eficiência, o que ele considera um risco grave diante da sensibilidade dos dados médicos em jogo.

Superfície de ataque cada vez maior

Claudio Bannwart, country manager da Netskope Brasil, observa que o avanço da digitalização também ampliou os riscos. A adoção de nuvem, aplicativos, dispositivos conectados e novos fluxos digitais fez com que a superfície de ataque crescesse de forma exponencial. “O maior desafio é modernizar a segurança sem comprometer a continuidade das operações”, resume. Ele lembra que a área da saúde passou a lidar com dezenas de aplicações em nuvem por mês, o que exige atenção redobrada.

A abordagem defendida por Bannwart é gradual, respeitando a realidade das instituições e evitando rupturas. A Netskope atua com modelos que permitem a migração de estruturas mais tradicionais, como VPNs, para um acesso mais moderno e seguro, sem a necessidade de grandes reformulações. A prioridade, segundo ele, deve ser garantir segurança, manter a operação e criar um caminho sustentável para a transformação digital no setor.

Apesar das dificuldades, os quatro especialistas concordam que a modernização da infraestrutura digital é inadiável. Em um cenário de crescente pressão por eficiência, segurança e melhor experiência ao paciente, investir em tecnologia deixou de ser uma vantagem competitiva, e passou a ser condição para sobrevivência institucional.

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